No mês de abril, o atual presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva fez uma visita oficial à China e assinou um total de 15 acordos com o gigante asiático. No artigo de hoje, vamos trazer um resumo do que os dois líderes conversaram, suas implicações e quais são esses 15 acordos que prometem tornar as relações Brasil-China cada vez mais sólidas.
Contexto
A visita do presidente brasileiro era altamente antecipada e cercada de controvérsias. A data original da viagem estava prevista para o fim do mês de março, mas acabou sendo postergada devido a problemas de saúde do líder brasileiro. Remarcada rapidamente para duas semanas depois, Lula chegou à China no dia 12 de abril de 2023, na cidade de Shanghai.
Em Shanghai, ele participou da cerimônia de posse da ex-presidente Dilma Rousseff, que assumiu a presidência do NDB (New Development Bank), popularmente conhecido como banco dos BRICS e que tem sede na maior cidade chinesa. Ainda em Shanghai, Lula visitou um centro de desenvolvimento tecnológico da chinesa Huawei 华为 antes de seguir para a capital Beijing, onde tinha encontro marcado com o líder chinês Xi Jinping.
Relações Brasil-China
Brasil e China têm relações diplomáticas estabelecidas desde 1973 e hoje são grandes parceiros comerciais, movimentando mais de $150 bilhões USD em 2022 no comércio bilateral, segundo dados da Apex Brasil.
Representando 30% do total das exportações brasileiras, a China é o maior parceiro comercial do Brasil, comprando principalmente alimentos, minérios, petróleo e madeira. Já o Brasil está entre os 10 maiores parceiros comerciais da China e é também o maior destino de investimentos chineses no exterior (para um panorama completo dos investimentos chineses no Brasil, temos um artigo anterior a esse respeito https://www.lantau.com.br/post/onde-a-china-est%C3%A1-investindo-no-brasil).
Acordos em destaque
De todos os acordos assinados, vale destacar quatro que deixam claro qual será a agenda e a direção perseguida por Brasil e China no futuro desenvolvimento das relações bilaterais:
Construção do CBERS-6, sexto satélite sino-brasileiro com tecnologia capaz de monitorar o bioma Amazônia mesmo com presença de nuvens;
Memorando de Entendimento em nível ministerial para cooperação em ações no combate à pobreza no campo e no meio rural como um todo;
Plano de trabalho Brasil-China de cooperação na certificação eletrônica para produtos de origem animal;
Protocolo do Ministério da Agricultura e Pecuária e da Administração-Geral de Aduanas da China sobre requisitos sanitários e de quarentena para proteína processada de animais terrestres a ser exportada do Brasil para a China.
Conclusão
Esses quatro acordos merecem destaque, pois mostram as duas frentes mais importantes da relação sino-brasileira na atualidade: a cooperação tecnológica e o agronegócio. A China é dependente do agro brasileiro para garantir sua segurança alimentar, termo que, recentemente, tem tido muito destaque na formulação de políticas públicas do país asiático.
A China é um dos três grandes produtores de alimentos do mundo (junto com Brasil e EUA), mas a maior parte de sua produção é destinada ao mercado interno que, mesmo assim, não consegue atingir a autossuficiência. Do lado dos chineses, o interesse é garantir a segurança de abastecimento e também da qualidade dos alimentos que chegam lá, exigindo completa transparência na cadeia produtiva e na origem dos alimentos. Do lado brasileiro, o foco é conseguir uma maior abertura e presença no maior mercado consumidor do mundo.
Outro ponto importante é o foco na cooperação científico-tecnológica. O presidente Lula deu uma série de declarações que gostaria que a relação entre os países ultrapassasse o campo comercial, puxando as negociações para a área do desenvolvimento tecnológico. A visita de Lula à Huawei e a assinatura do acordo para construção do CBERS-6 são exemplos dessa nova direção.
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