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VELAS DO FUTURO: A REVOLUÇÃO VERDE DA NAVEGAÇÃO.


Navio Pyxis Ocean. Fonte: Cargill.
Navio Pyxis Ocean. Fonte: Cargill.

A China tem demonstrado um compromisso inabalável com a transição energética, investindo massivamente em fontes renováveis, especialmente a energia eólica. O país asiático não apenas lidera em capacidade instalada, mas também impulsiona a inovação tecnológica e a redução de custos nesse setor.

O governo chinês estabeleceu metas ambiciosas para reduzir a dependência de combustíveis fósseis e combater as mudanças climáticas. A energia eólica desempenha um papel central nessa estratégia.

A China possui uma indústria de fabricação de turbinas eólicas altamente competitiva, o que permite a produção em larga escala e a redução dos custos. O país aloca bilhões de dólares em investimentos para expandir sua capacidade eólica.

Empresas chinesas estão na linha de frente da pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias eólicas, como turbinas offshore de maior capacidade e sistemas de armazenamento de energia.

Um navio cargueiro movido a vento estreou em uma viagem inaugural da China ao Brasil. Partiu de Xangai, na China, em meados de agosto de 2023 e chegou ao porto de Paranaguá, no Paraná, em 15 de setembro de 2023.

A tecnologia usada na embarcação foi desenvolvida pela empresa britânica BAR Technologies, mas as "asas" (WindWings) foram fabricadas e instaladas no estaleiro da COSCO em Xangai, na China.

A primeira jornada da embarcação, que ganhou o nome de Pyxis Ocean, de propriedade da Mitsubishi Corporation, serviu como teste da tecnologia. A empresa de transporte marítimo Cargill, que fretou a embarcação diz esperar que a tecnologia ajude a indústria a caminhar em direção a um futuro mais verde.

O uso das grandes velas WindWings, de design britânico, visa reduzir o consumo de combustível e, portanto, a pegada de carbono do transporte marítimo.

Estima-se que a indústria seja responsável por cerca de 2,1% das emissões globais de dióxido de carbono (CO2).

Dobradas quando o navio está no porto, as velas são abertas depois da embarcação zarpar. Elas têm 37,5 metros de altura e são construídas com o mesmo material das turbinas eólicas, o que as torna mais duráveis.


Navio Pyxis Ocean com as velas abaixadas. Fonte: Claudio Neves/Portos do Paraná.

Permitir que uma embarcação seja levada pelo vento, em vez de depender apenas de seu motor, pode reduzir as emissões de um navio de carga em até 30%.

A embarcação realizou um teste marítimo prolongado de seis meses, e a experiência foi um sucesso.

Durante esse período, o Pyxis navegou pelo Oceano Índico, Oceano Pacífico, Atlântico Norte e Sul, e passou pelo Cabo da Boa Esperança. As WindWings são estruturas sólidas e gigantescas, mas ao mesmo tempo dobráveis, feitas​​ de aço e fibra de vidro. O seu objetivo não é substituir os motores a diesel convencionais, mas fornecer uma propulsão suplementar à medida que o navio navega em áreas com ventos e correntes favoráveis.

De acordo com a Cargill, a estrutura de velas permitiu ao Pyxis Ocean poupar o equivalente a três toneladas de combustível por dia.  Isso representa uma redução nas emissões de dióxido de carbono de 11,2 toneladas, o equivalente a retirar 480 carros das estradas durante toda a viagem! Especialistas afirmam que esse sistema pode ser o futuro da navegação comercial: mais verde e mais econômica. A BAR Technologies vem trabalhando para entregar novos navios com a tecnologia

Jan Dieleman, presidente da Cargill Ocean Transportation, disse que a indústria está em uma "jornada para descarbonizar".

Ele admite não haver uma "bala de prata", mas disse que essa tecnologia demonstra a rapidez com que as coisas estão mudando.

"É por isso que assumimos o desafio de ser uma das maiores empresas a assumir parte do risco, experimentar coisas e levar o setor adiante."

Para Simon Bullock, pesquisador de navegação no Tyndall Centre, na Universidade de Manchester,"A energia eólica pode fazer uma grande diferença".

Ele disse que novos combustíveis mais limpos levarão tempo para surgir, "então temos que mergulhar de cabeça em medidas operacionais em navios existentes, como modernizar embarcações com velas, pipas e rotores".


As WindWings do navio Pyxis Ocean . Fonte: Cargill

"Em última análise, vamos precisar de combustíveis de carbono zero em todos os navios, mas, até lá, é urgente tornar cada viagem o mais eficiente possível. Velocidades mais lentas também são uma parte crítica da solução", disse ele à BBC.

Atualmente, menos de 100 navios no mundo utilizam tecnologia eólica. A frota de transporte marítimo internacional conta com mais de 110 mil navios, porém, a tecnologia eólica pode não ser adequada para todas as embarcações, pois as velas podem interferir no descarregamento de contêineres, por exemplo.

É neste contexto, que a tecnologia eólica representa uma esperança para um futuro mais sustentável no transporte marítimo. Com investimentos contínuos em pesquisa, desenvolvimento e colaboração internacional, é possível transformar a indústria naval e contribuir para a mitigação das mudanças climáticas.


 

Referências:




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