No novo episódio da série “Perfil China” deste mês, vamos cobrir a província de Jilin 吉林, uma das três divisões administrativas do nordeste chinês, conhecido como Dongbei 东北 e parte da grande região da Manchúria.
Dados gerais
Jilin é uma província do nordeste da China que tem fronteiras com a Coréia do Norte e a Rússia. Sua capital é Changchun 长春 e não a cidade de Jilin 吉林市, que leva o mesmo nome da província.
Com uma população de 24 milhões de habitantes, Jilin tem uma população pequena para média chinesa, com um PIB total de 178 bilhões de dólares em 2022, um aumento de 2,4% em relação ao ano anterior, segundo dados do governo chinês.
A área é caracterizada por ser um parque fabril com indústrias pesadas e que vem enfrentando dificuldades nos últimos anos para se modernizar.
História
Se excluirmos os últimos 200 anos, é possível dizer que Jilin sempre esteve sob ocupação dos povos do norte da China e da Ásia como um todo, inclusive domínio coreano durante os Reinos de Goguryeo e Buyeo, tornando a província uma das áreas da China que esteve sob domínio de povos não-chineses por mais tempo.
Durante a Dinastia Qing (1636-1912) a maior parte de Jilin esteve sob controle do General de Jilin, que também incluía a região de Primorsky, cedida para a Rússia em 1860. Após essa mudança, o governo chinês começou a abrir a área para migração da população Han 汉族 (maior etnia da China), principalmente da província de Shandong 山东, uma das mais populosas do país, o que acabou tornando os Han maioria da população já no início do século XX.
Em 1932, a área foi incorporada pelo nascente Machukuo, um Estado vassalo japonês, cuja capital era Changchun, na época chamada de Hsinking. Com a derrota japonesa na Segunda Guerra (1937-1945), o Exército Vermelho da União Soviética capturou Jilin junto com o resto da Manchúria, durante a Operação Tempestade de Agosto. Posteriormente cedida de volta à China, a região serviu como ponto de partida para os comunistas conquistarem a China durante a Guerra Civil Chinesa (1945-1949). Jilin assumiu suas fronteiras atuais durante a década de 50.
Economia
O PIB de Jilin tem crescido a taxas de dois dígitos desde 2003, aumentando em 51% no período entre 2003 e 2007.
Em termos da matriz econômica, o agronegócio é uma das áreas mais fortes da província com produção de arroz, trigo, milho e sorgo, além de madeira e criação de ovinos. No campo dos recursos naturais, a província tem as maiores reservas de óleo de xisto da China e uma das cinco maiores reservas minerais do país. Vale também ressaltar que Jilin é tradicionalmente um dos maiores centros de produção de insumos usados na famosa Medicina Tradicional Chinesa (TCM na sigla em inglês), como o Ginseng.
Assim como o restante de Dongbei, Jilin tem um forte parque de indústrias pesadas como automóveis, trens, ferro e aço, a maioria das instalações foram construídas durante a ocupação japonesa quase 100 anos atrás. Essas indústrias eram grandes empresas estatais que começaram a ser desmontadas e privatizadas, mas o processo tem enfrentado dificuldades, atrapalhando o desenvolvimento econômico de Jilin e da região. Isso forçou o governo a agir e foi criado o programa “Revitalização do Nordeste”, com o intuito de modernizar as antigas e ultrapassadas bases industriais da região e discutido pela primeira vez em 2003 pelo então Premiê Wen Jiabao 温家宝.
O programa tem como pilar central a união de esforços e coordenação na formulação de planos de desenvolvimento econômico e políticas públicas das três províncias da região Jilin, Liaoning 辽宁 e Heilongjiang 黑龙江, além das prefeituras da Região Autônoma da Mongólia Interior, mas que pertencem à Manchúria: Xilin Gol 锡林郭勒盟, Chifeng 赤峰, Tongliao 通辽, Hinggan 兴安盟 e Hulunbuir 呼伦布尔. Em 2016 foi anunciado um pacote de 1,6 trilhão CNY e uma série de iniciativas de cooperação, como construção de gasodutos, com os países vizinhos da região como Rússia, Mongólia, Coréia do Norte e do Sul.
Conclusão: Jilin é uma região em transformação, com uma geografia complexa, um passado igualmente tumultuado, mas com muito potencial para o agronegócio e nas indústrias dos mais variados tipos de veículos, caso suas dificuldades de modernização do parque industrial sejam vencidas.