Introdução
A manutenção de um fornecimento energético adequado tem sido uma preocupação do governo chinês desde a fundação da República Popular em 1949, como o principal motor para o crescimento econômico. É amplamente conhecido o fato de a China ser o maior emissor de Gases de Efeito Estufa (GEEs) e o próprio carvão ainda é a fonte de energia primária do país.
Por outro lado, no período de 2010 a 2015 a China reduziu o consumo de energia/unidade do PIB em 18%, e ocupava a posição de número 51 quando o assunto era emissões per capita em 2016 (segundo dados da World Meters), com 7,44 ton/hab, metade do registrado pelos EUA no mesmo período, 15,32 ton/hab.
Matriz energética
Conforme podemos ver na figura abaixo, o carvão ainda é a fonte de energia que responde pela maioria da energia consumida dentro do país, seguido por: petróleo, gás natural, hidrelétrica, nuclear, eólica e solar.
Em 19 de Junho de 2007 a Netherlands Environmental Assessment Agency anunciou que um estudo preliminar tinha indicado que as emissões de GEEs da China havia, pela primeira vez, superado a dos EUA, com um aumento de 9% na emissão de CO2 em 2006 em comparação com o ano anterior.
Dentro do setor industrial, maior responsável pelo consumo de energia, seis setores se destacam - geração de eletricidade, aço, metais não ferrosos (como alumínio), materiais de construção, refinamento de petróleo e químicos - representando quase 70% do total de energia.
O carvão é fonte de 70% da energia consumida e 80% do combustível consumido pela China, logo, não é surpresa que a China seja tanto a maior produtora quanto consumidora do mineral do mundo.
O que está sendo feito
Com a publicação do Plano de Ação Nacional para Mudança Climática em 2007, a China se tornou o primeiro país em desenvolvimento a possuir um documento específico para os problemas climáticos globais. Na ocasião, o documento falava em uma redução de 1,5 bilhões de toneladas em emissões anuais de CO2 até 2010, que seria atingida aumentando a participação de fontes energéticas renováveis e nucleares na matriz nacional, além de um aperfeiçoamento da eficiência das plantas de carvão já existentes.
A China já é o maior produtor mundial de energia de fontes renováveis, com uma capacidade instalada de 152 GW, fruto de investimentos pesados feitos no setor que passaram de $12 bilhões em 2007 para mais de $65 bilhões em 2012.
A energia nuclear foi uma das alternativas escolhidas e o número de reatores chineses ativos passou de 15 em 2012, para 32 em 2013, com mais 22 em construção (atualmente esse número é de 32), representando 86 GW em termos de geração de energia ou 4% do total nacional. No longo prazo, a intenção é que a geração chegue em 200 GW até 2030, 400 GW até 2050 e 1500 GW até 2100.
Quando o assunto são as fontes de energia “verdes”, a China também está liderando, sendo a maior consumidora de energia solar e a maior produtora de aquecedores de água com energia solar, 60% do total mundial, instalados em mais de 30 milhões de residências pelo país. Hoje o país usa essa fonte energética em casas, edifícios e até automóveis.
Já na energia eólica, a capacidade instalada passou de 2,67 GW em 2006 para 281 GW em 2020, um aumento de mais de 100 vezes em menos de 15 anos.
Com pesquisas mostrando um aumento da preocupação com as mudanças climáticas por parte da própria população, e consequências sentidas diariamente pelos chineses na poluição do ar, aumento da frequências de enchentes e outros fenômenos climáticos, a China não pode, e não está, ignorando a questão climática. O país que mais emite GEEs e consome carvão do mundo, também é lar da maior usina hidrelétrica (Três Gargantas) e maior gerador de todas as fontes de energia renováveis do planeta.
Essa dicotomia entre a China que polui e a China que conserva está diminuindo e é certo que veremos uma proporção cada vez maior das fontes de energia “verdes” na matriz energética chinesa daqui para frente.