Aqui no blog da Lantau, assim como em tantos outros veículos de comunicação com foco na China, é constantemente falado sobre os esforços de modernização da economia e do complexo industrial chineses. Manter a competitividade em um ambiente global geopolítico cada vez mais agressivo e incerto, está no centro da estratégia chinesa para o futuro e manutenção do desenvolvimento socioeconômico do país.
A obtenção do chamado desenvolvimento sustentável e de alta qualidade, passa pelo avanço das tecnologias chinesas nas indústrias mais estratégicas e um afastamento do que ficou conhecido no mundo todo como os produtos made in China. Esse termo ainda é associado com produtos baratos e de baixa qualidade, embora essa não seja mais a realidade do parque industrial chinês.
Para os que vivem na China, a diversidade dos produtos disponíveis internamente no país é infindável. Qualquer busca no Taobao 淘宝 (aplicativo original do Grupo Alibaba) por qualquer produto, vai trazer resultados com preços que variam de dezenas até milhares de yuanes. Da mais básica até a mais alta qualidade e, embora a ascensão econômica chinesa esteja muito ligada com a capacidade da produção em larga escala a baixos custos, o futuro do país vai se apoiar muito mais em qualidade do que em quantidade.
Pensando nisso, foi lançado, em 2015, o programa Made In China 2025 pelo Ministério da Indústria, Inovação e Tecnologia (MIIT), após quase três anos de elaboração e participação de mais de 150 especialistas de diversas áreas.
Com a proximidade de 2025, trazemos no artigo desta semana um panorama sobre do que trata esse programa e seus objetivos.
Objetivo
Made In China 2025 tem um objetivo muito simples: evitar pressão dos novos produtores de baixo custo que estão surgindo em países emergentes, como Bangladesh, Vietnã e Filipinas, e competir e cooperar de forma eficiente com as economias avançadas.
A iniciativa também tem um objetivo de relações públicas, visando mudar a percepção dos produtos chineses como sendo baratos e de baixa qualidade, para uma noção que reflita mais as características reais do complexo industrial chinês atual.
Origem
Muito se fala das origens e inspirações que levaram o governo chinês a criar essa iniciativa, e um dos paralelos traçados com mais frequência é com o programa alemão Industry 4.0. No contexto alemão, essa iniciativa tinha como objetivo conectar pequenas e médias empresas às redes de produção globais através da Internet das Coisas (IoT na sigla em inglês), aumentando sua eficiência, escala e flexibilidade.
Por conta do já adquirido dinamismo do parque industrial chinês, integração não é uma deficiência que a China precise sanar, mas a semelhança em termos de uma estratégia macro para modernização das indústrias mais avançadas no âmbito nacional é inegável.
Diretrizes gerais e setores prioritários
O programa do governo definiu as seguintes frentes como bases dessa iniciativa: foco em inovação, tecnologias verdes, qualidade antes de quantidade, otimização estrutural da indústria chinesa e fomento ao talento humano.
Esses devem ser os pilares para formulação de incentivos nas indústrias centrais do futuro: novas tecnologias avançadas, ferramentas mecânicas automatizadas, tecnologia aeronáutica e aeroespacial, tecnologia marítima, ferrovias modernas, veículos de novas energias (EVs), equipamentos de geração de energia, tecnologias para agricultura, novos materiais e biofarma.
Conclusão
Estabelecendo objetivos como aumentar o uso de componentes e matérias primas domésticas nas linhas de produção para 70% até 2025, e a criação de 40 novos centros de inovação, o programa Made In China 2025 é um importante projeto e que representa de forma clara a visão do governo chinês para o futuro da economia do país: maior autossuficiência, foco em inovação e qualidade antes de quantidade.