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Live Commerce, a nova forma de engajamento chinesa

O timing de um negócio é uma das muitas variáveis para o sucesso de uma empreitada. Além disso, em momentos de ruptura como o que estamos vivendo, a capacidade de adaptação torna-se tão importante quanto o timing. Enquanto grande parte das notícias vindas da China em Fevereiro abordavam os impactos negativos do COVID19. Um movimento que vinha crescendo ganhou ainda mais força, o Live Commerce.


O Live Commerce é a fusão do e-commerce tradicional com o Live Streaming. Se você é fã de jogos on-line, provavelmente já assistiu alguma Live Streaming, que é quando um jogador transmite o jogo que está jogando ao vivo e interage com a audiência em real time. Essa fusão entre o comércio virtual e a interação proporcionada pelo Live Streaming, estava ganhando cada vez mais relevância no varejo on-line chinês. E com o avanço do vírus em território chinês e a necessidade de isolamento para contenção do mesmo, o Live Commerce ganhou muito mais adeptos.


Com mais de 400 milhões de usuários ativos e aproximadamente 200 plataformas de Live Commerce, a China é o país ideal para propagação deste novo canal de venda. Pois essa prática permite uma conexão em real time entre consumidores e vendedores. As plataformas permitem uma maior proximidade entre os agentes, além disso faz com que os consumidores possam ter suas dúvidas sanadas no momento da compra, um grande diferencial dessa modalidade. Além disso torna ações promocionais muito mais efetivas, como por exemplo distribuição de cupons de desconto para quem tem seu comentário exibido no chat da live no momento em que o apresentador faz um print screen.


Lojas virtuais do segmento de moda, por exemplo podem fazer com que os clientes se sintam parte do processo de escolha de novos itens, por exemplo. Fazendo lives nos primeiros encontros com as novas marcas, mostrando os produtos antes mesmo de eles estarem disponíveis para a compra para sentir a demanda por determinada peça. Isso faz com que o engajamento com a marca seja ainda maior. E como sabemos, o engajamento é uma fator fundamental para o processo de decisão de compras on-line.


Mas na China, o Live Commerce conta ainda com mais alguns aliados com os KOLs (Key Opinion Leaders) e os KOCs (Key Opinion Consumers). No Brasil chamamos de influenciadores digitais. Entretanto, no mercado chinês eles têm um “peso” muito maior na hora da venda. Por exemplo a KOL Viya, que tem o recorde de vendas em 24 horas, com impressionantes $353.000.000 RMB (quase USD $50 milhões). No caso de Viya, um dos fatores de seu sucesso é que ela escolhe pessoalmente as marcas que vai promover.



Não é surpresa que hoje, a maior plataforma de Live Commerce pertença ao grupo do Alibaba. A Taobao Live possui cerca de 79% do mercado. Em 2018, na Taobao Live, os KOLs ajudaram a gerar milhões de RMB em vendas. Outras plataformas também ganham cada vez mais espaço nesse mercado, afinal na China temos mais de 800 milhões conectados na internet. É o caso da Douyin que é o nome do TikTok na China, apesar de parecido com a versão que temos no Brasil, na versão chinesa já conta com diversas funcionalidades extras justamente atendendo essa demanda do mercado chinês. Outra plataforma que briga por espaço é a Kuaishou, que assim como o TikTok foca em vídeos curtos mas seu público alvo são as pessoas nas lower tier cities.


Um ponto que chama atenção nessa “evolução” do e-commerce é que tradicionalmente as lojas virtuais são bidimensionais, e o Live Commerce transforma em tridimensional a experiência de compra. Além disso, ele resgata a interação humana que vinha perdendo espaço nas interações de compra e venda. Ou seja, esse modelo quebra um pouco o estigma de que cada vez menos teremos relações humanas no comércio. E alia o melhor da tecnologia com o potencial humano de conexão. Nessa nova e “imprevisível” forma de venda, ganham os consumidores, as lojas e as empresas de tecnologia.








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