A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), em parceria com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), negociou um novo acordo com a rede chinesa de cafeterias Luckin Coffee para comprar 240 mil toneladas de café do Brasil entre 2025 e 2029, a um valor estimado de US$ 2,5 bilhões de sacas um aumento de 65% em relação ao ano passado, quando o país exportou 1,5 milhão de sacas.
O memorando de entendimento foi assinado no dia 19 de novembro em Brasília pelo vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin, o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, e o CEO da Luckin Coffee, Jinyi Guo. Fundada em Pequim, em 2017, a empresa é uma das maiores do país e tem cerca de 22 mil lojas na China, além de mais de 110 mil funcionários.
Jinyi Guo, destacou a qualidade do café brasileiro e o comprometimento da empresa em promover o produto. “Atualmente temos 300 milhões de clientes, e o impacto tem sido extraordinário. Essa parceria é só o começo; no futuro, queremos ampliar ainda mais nossa colaboração. Convidamos todos a visitar nossas novas fábricas e lojas e explorar nossa plataforma dedicada à promoção do café brasileiro”.
A parceria entre ApexBrasil e Luckin Coffee começou em 2023 por meio do programa Exporta Mais Brasil. Os compradores da empresa visitaram Cacoal (RO) para conhecer o café produzido na Amazônia, onde foram vendidas 4.000 sacas em um único evento. As empresas apoiadas pela iniciativa da ApexBrasil serão algumas das fornecedoras dos acordos, que trarão mais desenvolvimento, renda e geração de empregos para as regiões atendidas pelo programa. A partir desse contato inicial, foi negociado em junho um acordo para fornecimento de até 120 mil toneladas em 2024 no valor de US$ 500 milhões.
Nos primeiros 7 meses de 2024, o segmento de café brasileiro experimentou um tremendo aumento de 40% em suas exportações para a China, de acordo com um relatório do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). A China se tornou um mercado chave para o café brasileiro devido à sua classe média em ascensão, à crescente cultura do café nas principais cidades, bem como à crescente demanda por café de qualidade premium.
Tradicionalmente, o chá é o tipo de bebida que os chineses mais tomam — são de lá os primeiros registros da bebida, há mais de 3 mil anos. Porém, nesta última década os chineses descobriram o café. Acredita-se que mais de 330 milhões de pessoas consomem café.
A maioria dos entusiastas chineses de café é de jovens que trabalham em escritórios, predominantemente mulheres, diz Marcos Mattos, diretor-geral do Cecafé.
“Há uma mudança cultural muito importante na China, no aspecto de globalização. E o café é o símbolo dessa globalização. “As cafeterias desempenham um papel crucial nesse contexto. O país tem cerca de 50 mil estabelecimentos, um número expressivo que reflete o investimento em indústrias de torrefação e moagem”, conclui Mattos.
O Brasil é agora o maior produtor e exportador de café do mundo, e deve essa posição dominante principalmente ao clima favorável do país e às áreas substanciais de cultivo de café. O país produz variedades Arábica e Robusta, sendo o Arábica a exportação mais proeminente. De janeiro a julho de 2024, o Brasil exportou 594.284 sacas de café (60 kg) para a China, representando um enorme aumento de 40% em relação a apenas 424.661 sacas no mesmo período em 2023.
Tudo isso coincidiu com o ano em que a China se tornou líder mundial em número de cafeterias de marca, alcançando 49,6 mil lojas, ultrapassando os EUA com 42,8 mil lojas segundo a consultoria britânica World Coffee Portal.
Apesar da proximidade com o café brasileiro, os chineses têm outras formas de consumo. Para eles, o grão é mais um ingrediente de bebidas misturadas com leite ou água de coco (que fazem muito sucesso entre os jovens) e até mesmo com suco de limão ou "moutai", um tradicional licor chinês.
É bem diferente do brasileiro que se contenta com a apresentação solo do cafezinho na forma de um coado ou expresso.
Mas nem isso é uma barreira para o grão nacional.
A parceria entre o Brasil e a Luckin Coffee representa uma grande oportunidade para o setor cafeeiro brasileiro. Ao aproveitar essa parceria e investir em ações de promoção e desenvolvimento do setor, o Brasil poderá consolidar sua posição de liderança no mercado mundial de café e gerar benefícios para toda a cadeia produtiva.
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