Países e cidades em quarentena, menos deslocamentos e viagens, edifícios públicos e escolas condicionadas à implementação de protocolos de segurança bacteriológicos, quebras no consumo e várias brechas nos mercados econômicos, são resumo e resultado desta, já classificada pela OMS, de pandemia, causada pelo Covid-19.
Mas assim como as crises trazem riscos, também são repletas de oportunidades, e os robôs são parte da solução na ajuda de evitar do contato humano.
Como já mencionado no artigo “Serviços que surgem em uma sociedade Contactless”, a China aproveitou a pandemia e acelerou seus investimentos em robôs voltados para a saúde e apoio a serviços de entregas de comida, encomendas, medicamentos, suprimentos e desinfecção de hospitais e ruas.
Com isso, várias startups de robótica foram contratadas. A fabricante chinesa de robôs Youibot criou um robô de esterilização. A empresa assinou um contrato com uma grande empresa em Suzhou, perto do centro financeiro de Xangai, para colocar em ação 35 robôs no trabalho de desinfecção.
A crise causada pelo coronavírus possibilita uma oportunidade e empurra a robotização da experimentação e ficção para o cotidiano.
Grandes empresas na China correm contra o tempo para automatizar a produção e retomar suas operações.
Para reabrir fábricas, as companhias precisam enviar uma série de documentos ao governo chinês, listando o estado de saúde, viagens recentes, datas de quarentena e período de isolamento de todos os funcionários. É o caso da CTC Global, empresa da Califórnia especializada em soluções de TI e que tem sua produção na China.
Para reiniciar a produção, e empresa precisa monitorar as temperaturas dos funcionários duas vezes por dia, além de distribuir máscaras e luvas.
Localizada a 400 milhas de Wuhan, cidade centro do surto, a fábrica da CTC Global na China não está imune ao vírus. Ainda assim, a empresa tem conseguido lidar com a falta de funcionários devido às quarentenas, bloqueios nas estradas e pontos de verificação. Além de ter unidades em outros países, a CTC Global conta com produção altamente automatizada. “Nossa fábrica foi projetada para ser dominada por máquinas, com baixo uso de mão de obra”, afirma Marvin Sepe, CEO da companhia.
O Covid-19 representa um alerta para os chefes de cadeia de suprimentos, em países como China e Estados Unidos. Quando cerca de 100 milhões de trabalhadores das fábricas retornarem às indústrias automotivas, de eletrônicos e de smartphones na China, grande parte das empresas já terá investido em robótica e automação.
A ideia, assim como em outras empresas na indústria chinesa, é incluir o uso de mais robôs e outras automações que substituam os seres humanos. “A China comprou mais robôs no ano passado do que qualquer outro país, e agora é hora de colocar em funcionamento”, diz Coates à CNBC (Consumer News and Business Channel).
Nos últimos anos, a segunda maior economia do mundo passou pela chamada “revolução da robótica”. O país se tornou o maior mercado mundial de robótica industrial e o mercado que mais cresce no mundo, subindo 21% e chegando a US$ 5,4 bilhões em 2019.
Hoje, a China conta com mais de 800 fabricantes de robôs, incluindo grandes empresas como SIASUN e DJI Innovations. Até 2021, o país irá responder por 45% de todas as remessas de robôs industriais. O surto do vírus impôs uma "urgência por trás da tendência para o aumento da automação e uso da robótica na China”, de acordo com Emil Hauch Jensen, vice-presidente de vendas da Mobile Industrial Robots em Xangai.
Parte dos robôs autônomos da Mobile Industrial Robots, que podem ser usados para transportar cargas pesadas em armazéns e fábricas, são utilizados por grandes companhias, como Ford, Airbus, Flex, Honeywell e DHL. Segundo Jensen, um robô que pode trabalhar em um turno de 24 horas é capaz de substituir três trabalhadores. A Foxconn, que fabrica os iPhones da Apple na China, pretende automatizar 30% de seu 1 milhão de vagas, ainda este ano.
As montadoras da China sofrem impactos severos. Wuhan, conhecida como Detroit chinesa, conta com fábricas como General Motors, Honda, Nissan, Peugeot e Renault. Com as medidas do governo para manter as pessoas em casa, parte da cadeia se suprimentos foi interrompida. A automatização foi a saída, porém, há a controvérsia de que os robôs podem substituir trabalhadores, causando desemprego generalizado. Porém, em determinados setores é inevitável.
Nas últimas décadas a China desenvolveu um forte investimento em tecnologia. Apesar da forte presença de capital humano, a China continua a apostar no desenvolvimento da industrialização à base da tecnologia e a robotização é um dos pilares.
O desenvolvimento da robótica faz parte de um ambicioso plano diretor Made in China 2025, que tem com finalidade atualizar as tecnologias de fabricação do país.
Mesmo com toda a polêmica sobre a robotização das indústrias, o fato é que a pandemia veio acelerar um processo inevitável.
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