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BRI e o Fórum Belt and Road 2023.

Atualizado: 9 de dez. de 2023


Entre os dias 17 e 18 de outubro de 2023 ocorreu, em Pequim, a terceira edição do Fórum da Iniciativa do Cinturão e Rota (ou BRFIC na sigla em inglês), marcando o décimo aniversário da famosa Belt and Road Initiative ou BRI.

O evento deste ano contou com a participação de 21 chefes de estado incluindo Vladimir Putin da Rússia, Joko Widodo da Indonésia, Alberto Fernandez da Argentina e Gabriel Boric do Chile, além dos líderes de instituições internacionais como a ex-presidente Dilma Rousseff, atual presidente do New Development Bank, ou o Banco dos BRICS, assunto já abordado pela equipe da Lantau em um artigo anterior.

A terceira edição do BRFIC também contou com momentos de importante simbologia geopolítica como a entrada de Vladimir Putin ao lado do Presidente Xi Jinping na cerimônia de abertura, seguido de perto por Widodo. São pequenos detalhes como esses que fornecem algumas pistas do que está sendo discutido pelos líderes mundiais nos bastidores.

A entrada de Putin como convidado de honra reforça a importância atribuída pela China às suas relações com a Rússia e que ambos os países estão completamente alinhados sobre o rumo que o mundo deve tomar daqui para frente.

Joko Widodo vindo em sequência mostra a importância da Indonésia, do Sudeste Asiático e uma homenagem ao fato de que um dos lugares onde a BRI foi anunciada por Xi Jinping em 2023, tenha sido justamente da Indonésia.

O BRFIC serve como uma plataforma para debate, negociações e oficialização de contratos entre entidades como o NDB e nações independentes para financiamento de projetos dentro da iniciativa.

Entre as áreas contempladas pelos participantes estão:

  • Infraestrutura.

  • Energia.

  • Recursos naturais.

  • Capacidade produtiva.

  • Comércio bilateral.

  • Investimentos.

A BRI

Lançada em 2013 com o intuito de investir em mais de 150 países e organizações internacionais, a BRI hoje já conta com 155 países signatários, representando 75% da população e mais de 50% do PIB global.

O projeto também foi apelidado de Nova Rota da Seda por remontar as antigas rotas que ligavam a China Imperial ao Ocidente, com as rotas de Marco Polo e Ibn Battuta no norte e as rotas marítimas de Zheng He ao sul.

Seu objetivo como descrito em documentos oficiais de 2013 “construir e unificar um grande mercado e fazer uso completo dos mercados internacionais através de intercâmbios culturais e integração, aumentando o entendimento e confiança mútuas entre os participantes, resultando em um padrão inovador de fluxos de capital, talentos e tecnologias”.

Países signatários da BRI até outubro de 2023. Fonte: Wikipédia

O foco inicial da BRI foi colocado no desenvolvimento de infraestrutura na Ásia Pacífico, África e Europa Central e Oriental. Mas qual é o apelo de um projeto desses para os países signatários? Segundo dados da World Pension Council, apenas a Ásia necessitaria de investimentos em infraestrutura na casa dos $900 bilhões de dólares por ano ao longo da próxima década para suprir suas necessidades de desenvolvimento. Com os níveis atuais de investimento atingindo apenas 50% desse valor, a abertura de novos canais de financiamento via BRI tornou-se uma opção atraente para muitos países.

Do lado chinês os ganhos são múltiplos:

  • Maior internacionalização do Renminbi;

  • Desenvolvimento da infraestrutura em outras partes da Ásia;

  • Fortalecimento de relações diplomáticas e soft power;

  • Redução da dependência americana;

  • Criação de novos mercados para produtos chineses;

  • Integração de países produtores de commodities à economia chinesa.

Em artigos futuros, traremos mais informações sobre projetos específicos já realizados via BRI, a relação do Brasil com a iniciativa e outras nuances, mas entender a relevância desse projeto na modelagem da nova ordem mundial é fundamental para entendermos as motivações dos grandes players desse tabuleiro, bem como se darão as interações bilaterais no mundo daqui para frente.



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