A evolução dos sistemas tecnológicos utilizados diariamente em todo o globo reforçou a necessidade de mais um salto na escala evolutiva das redes móveis. Enquanto o 1G e 2G permitiu a utilização de recursos de voz, ou seja, resolver as chamadas móveis, o 3G popularizou e perpetuou os smartphones com as chamadas de vídeos e os microblog que exploraram os espaços ociosos das pessoas. Já o 4G permitiu um fluxo de dados ainda maior, difundindo a utilização da internet, de aplicativos e redes sociais como nunca foi visto. E o 5G?
Com uma taxa e uplink 10 vezes maior do que a das redes 4G impulsionará recursos como a Internet das Coisas (IoT). As pessoas não só vão se comunicar entre elas como também vão se comunicar com objetos e os objetos vão poder se comunicar entre si. Segundo Sun Songolin, professor da Universidade de Correios e Telecomunicações de Pequim, a era 5G irá representar uma nova missão histórica, capacitando todas as esferas da vida, desde atender às pessoas até transmissões ao vivo de vídeos de alta definição com taxas de uplink acima de 20 Mbps. Mas, ao se fundir com novas tecnologias, como inteligência artificial (AI), big data e blockchain, o 5G irá tornar a internet industrial a rede mais valiosa do mundo.
No Encontro da Indústria 5G, recentemente realizado na cidade chinesa de Shenzhen, foram discutidos quais os grandes desafios enfrentados pela China para liderar a revolução 5G no mundo.
Depois de pular de 718 mil estações 5G no final de 2020 para mais de 1 milhão de estações prometidas até o final de 2021, a China terá três gigantescos desafios. O primeiro deles, explica Songlin, é o aporte de capital e os custos operacionais posteriores. Foram gastos em 2020 US$ 40 bilhões e para 2021 até o momento US$ 152 bilhões.
O segundo desafio é o impacto do consumo de energia das estações base 5G nos gastos gerais de energia, com valores entre 1,5 a 3 vezes maiores do que o das estações 4G. O terceiro desafio é o ciclo de vida da industrialização do 5G que, na opinião do fundador da Huawei, Ren Zhengfei, pode chegar a 7 anos de maturação.
Definido no 14º Plano Quinquenal (五年计划) do Comitê Geral do Partido Comunista Chinês (PCC), um dos focos do próximo quinquênio será uma estratégia que o presidente chinês chamou de “Double Development Dynamics”; ou seja, um movimento dualista, reequilibrando-se em direção ao mercado interno, ampliado nestes últimos anos, para “facilitar uma melhor conectividade entre os mercados interno e externo, com foco para o crescimento mais resiliente e sustentável”, segundo os planejadores. Essencial para Pequim é o padrão de qualidade que deve guiar a busca da autossuficiência em ciência e tecnologia, com crescente independência nos setores de alta tecnologia, especialmente design e fabricação de chips semicondutores, que subjugam todos os setores de ponta – a inteligência artificial (AI), a tecnologia 5G, supercomputação, computação quântica, e até mesmo smartphones. Assim como as outras tecnologias a serem perseguidas no próximo quinquênio: fontes renováveis de energia, ciência dos materiais, novos veículos, biotecnologia e ciência espacial, todas elas parte da estratégia “Made in China 2025”.
Neste sentido já possível constatar que cidades como Shenzhen e a capital, Pequim já tem cobertura total da tecnologia 5G.
Shenzhen, considerada o Vale do Silício do Hardware, tem mais cobertura 5G do que todo o continente europeu.
A cidade atingiu a cobertura total de 5G em setembro de 2020 ao concluir a instalação de mais de 46.000 estações base 5G. Espera-se que o centro de tecnologia de 13 milhões de habitantes, lar de muitas startups de tecnologia e pesos pesados como Tencent e Huawei, testemunhe inovações digitais revolucionárias, entre outros negócios, varejo, serviços, sociedade, infraestrutura e finanças durante os próximos anos na construção de um ecossistema de aplicativos 5G abrangente.
A cidade de Xangai espera alcançar a cobertura total de 5G até o final de 2025. Atualmente, Xangai tem instalada mais de 81.200 estações-base, entre externas e internas, possuindo uma cobertura contínua na cidade e nas principais áreas suburbanas.
As operadoras chinesas implantaram cerca de 700.000 novas estações-base 5G em 2020, além de cerca de 100.000 estações base 5G construídas em 2019. Em 2021, as operadoras locais devem implantar aproximadamente 600.000 estações base 5G, de acordo com relatórios recentes.
A Academia Chinesa de Tecnologia da Informação e Comunicação, um instituto de estudos do governo, disse que a China gastará provavelmente 1,2 trilhões de yuans (US $ 183,7 bilhões) na construção da rede 5G até 2025, gerando mais de 3,5 trilhões de yuans de investimento no fluxo ascendente e descendente das cadeias industriais e nos outros setores relacionados até então.
Liu Duo, chefe da academia, afirmou que cerca de 20% das aplicações 5G serão orientadas pelo consumidor, e 80% do seu potencial comercial reside no seu uso em setores tradicionais. Como resultado, a combinação de 5G com a Internet industrial será de grande importância para o impulso da China por atualizações industriais em grande escala.
Para o Brasil, esperamos que ainda este ano saia a leilão do 5G e assim possamos dar um grande passo para uma transformação digital. Estamos precisando.
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