O ano de 2024 marca duas datas simbólicas nas relações entre Brasil e China: os 50 anos de relações diplomáticas entre as duas nações e os 20 anos da criação, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, da Cosban- Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação. Em 2023, o presidente Lula visitou a China, fortalecendo as relações diplomáticas entre os países. Em novembro deste ano, é esperada a visita do presidente chinês, Xi Jinping, ao Brasil.
As exportações do Brasil para a China, em 2023, aumentaram 16,6%, atingindo US$104,32 bilhões. Esse crescimento superou significativamente o aumento de 1,7% nas exportações totais do Brasil. Como resultado, a participação da China nas exportações brasileiras subiu de 26,8% em 2022 para 30,7% no ano passado. As importações registraram um total de US$ 53.1 bilhões, o que representa uma queda de 12,5% nas importações vindas da China comparativamente ao ano de 2022. Portanto, um superávit em favor do Brasil nas trocas comerciais com a China, no total de US$ 51,1 bilhões em 2023, dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) – ComexStat.
Os números reforçam a importância da China para a economia brasileira, apesar da alta concentração da pauta exportadora brasileira em commodities agrícolas e minerais. Cinco desses produtos representam 84,2% de todo o volume embarcado para a China pelas empresas brasileiras, são eles: soja, petróleo, minério de ferro, carne bovina e celulose.
O primeiro trimestre de 2024 segue a mesma tendência de 2023 concentrando as exportações em três produtos que explicam 77% das exportações para a China – soja (31%) minério de ferro (23%) e petróleo (23%).
É possível identificar quais estados brasileiros exportam para a China, a partir do estudo realizado pelo Conselho Empresarial Brasil-China, com apoio do Ipea e da Cepal que analisou dados do período entre 2012 e 2021, além de projetar a variação das exportações até 2030.
Para 22 unidades federativas (UFs), a participação da China como destino das exportações se ampliou no período analisado. Em 2021, a China era o destino mais relevante de exportações de 19 UFs – apenas Sergipe, Espírito Santo, Ceará, Amapá, Alagoas e Roraima ficaram fora desse grupo. O nível de concentração das vendas para a China é superior ao de todos os principais parceiros do Brasil e teve aumento entre os anos de 2012 e 2021. Para se ter uma ideia os 10 principais produtos representaram, em média, 90,6% de tudo o que o Brasil exportou para China. São eles:
Soja;
Óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos;
Minério de ferro e seus concentrados;
Óleos combustíveis de petróleo ou de minerais betuminosos;
Carne bovina;
Celulose;
Carne de aves;
Farelos de soja e outros alimentos para animais, farinha de carnes e outros;
Produtos para a Indústria de Transformação
Açúcares e melaços.
Um dado interessante é que, em todas as cinco regiões brasileiras, as exportações para a China apresentaram crescimento superior em relação às vendas totais para o mundo. O Norte, com 14,6% e o Sul com 9,0% foram aquelas com maiores taxas de expansão.
Quando falamos em China, as exportações cresceram para todas as regiões. Os maiores crescimentos foram nas regiões Norte, Sul e Sudeste.
Além das exportações consolidadas de sementes oleaginosas, minérios e combustíveis, há uma série de outros setores com um número importante de bens a serem explorados para diversificação das vendas, como: peles e couros; carnes; ferro fundido, ferro e aço; pedras e gessos; produtos químicos orgânicos; madeira e obras de madeira e máquinas e equipamentos.
Para 2030, o estudo revela que os setores com maiores ganhos de participação seriam: minérios; cobre e suas obras; produtos farmacêuticos; máquinas e materiais elétricos; químicos inorgânicos; e madeira e obras de madeira.
O Norte é a região com maior potencial de aumento percentual das exportações, com 125,8%, e a segunda com maior possibilidade de crescimento em valores, com US$ 11,7 bilhões, atrás apenas do Sudeste, cujos números são 80,5% e US$ 19,2 bilhões.
O Centro-Oeste e o Sul são as regiões cujo aumento percentual das exportações até 2030 seriam os menores: de 48,6% e 42,1%, respectivamente. Já a região Nordeste, poderia ter expansão percentual considerável de vendas, de 76,8%, ou US$ 2,8 bilhões a mais.
Ao longo dos anos, Brasil e China têm enfrentado desafios semelhantes, como a luta contra a desigualdade social e a busca pela soberania alimentar. A parceria estratégica tem sido fortalecida, com ênfase em áreas como desenvolvimento social, inovação científica e tecnológica, e mais recentemente, proteção ambiental e economia digital. A declaração conjunta sobre o aprofundamento da parceria estratégica, emitida em Pequim em abril de 2023, reforça o compromisso de continuar estimulando o intercâmbio e o diálogo entre os países, expandindo a cooperação em novas áreas.
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